Alteridade dos egos
O amor fugiu, o sol surgiu, e,
de repente estamos sós, mais uma vez...
Através do diálogo, leve e conciso,
percebe-se a razão na qual inventamos
um elo entre passado e futuro.
Nessas paisagens repletas de amor
sentimos que algo se foi, apenas,
a dualidade do acaso: ora triste, ora alegre,
mostra-nos, com certa frieza,
um destino composto por monólogos
- atualmente, angustias e medos -
descrevendo a atuação de cada um
no seu improviso de circunstâncias.
Atualizamos nossas vidas inertes
com apenas um toque,
como se pudéssemos dizer:
“Ei, veja como sou feliz!”...
Não, nada disso,
essa suposta Felicidade
é, apenas um momento
dentre tantos outros que virão,
perceberás agora que isso
que lhe mostraram como verdade
tivera sido tão somente ilusão.
Nos estados alterados de
vivência
existe uma linha tênue que separa
a sanidade da loucura
o amor do ódio
a felicidade da tristeza,
ou seja,
a ruptura desses limites
coloca o sujeito na condição
de rei ou escravo do seu destino.
Mesmo que haja alteridade
entre os egos
não haverá harmonia
entre os desejos,
pois o indivíduo não se vê
como pluralidade do desejo
do outro, mas apenas
sujeito que vive para
satisfazer a si próprio.