O homem e o simulacro

Eis o homem de real valor,

numa raça quase perdida!

Encenando realística magia,

Seu trabalho, sua alquimia,

transforma pedra em vida...

Eis os pústulas da cordilheira,

pleiteando inglório nirvana!

Escudos naturais, tartarugas,

Cara de pau não tem rugas,

convertendo sopro em grana...

Aquele dá o couro para tranças,

com a sobra, esse paga o artesão;

sabe qual vento empurra a vela,

sem qualquer pudor, sopra, apela,

o diabo é que sempre cola o refrão...

Quatro anos os tais têm as chaves,

quais usam, abusam ao bel prazer;

um dia, temos um mísero grão,

enfim, o tempo chega, da eleição,

e os heróis correm nos defender...

Homem de valor não é anarquista,

Ainda que um, intempestivo, diga;

Vai lá, cumpre seu dever amiúde,

Faz do seu caráter e de sua virtude,

A sombra, onde aquele inútil se abriga...