Ergue-te, Negro!

Ergue-te Negro!
Jorge Linhaça

Levanta-te, ó negro,
Vai buscar teu destino
Já longe vai a aurora
Já brilha o sol a pino
Deixa o chão da senzala
Pisa o asfalto voraz
Já o chicote não estala
Mostra já que és capaz

Não és, ó negro, mendigo
Nem precisas de esmola
Não te ponhas de castigo
Tua vida é uma escola

De Zumbi cantai o nome
Pela luta ancestral
Não te curves, pois, à fome,
De achar-te desigual
Ergue negro, a cabeça,
Busca tua igualdade
Antes que logo anoiteça
Sobre as ruas da cidade

Que te encontre, pois a lua
Caminhando ereto e altivo
Qual bandeira que tremula
Sobre o outrora cativo

Liberta-te dos grilhões
Que te imputa o passado
Deixa estar aos aleijões
O preconceito passado
Ergue os olhos, segue avante,
Teu destino é o infinito
Ouve o brado retumbante
De Zumbi ecoa o grito.

De Palmares te ergueste
Canta Zumbi tua glória
Pois se hoje tu venceste
Honraste sua memória.

Salvador, 8 de junho de 2012