Negro asfalto
Chora minha linda Bahia...
D'outros tempos, alegria
Se no bucolismo das ruas
Via nas tuas pedras cruas
Baianas, acarajés e abará...
Chora, minha linda Bahia...
Do horror, nem desconfia
Sob as luzes das suas luas
Com tantas meninas nuas
Tem a Ladeira do Gravatá...
E chora mais a linda Bahia...
No canto, da terra da folia
É qual o barulho das gruas
Descarga das pedras puas
Chora Dodô, chora Osmar...
Por tão triste que nem via
Seus encantos na alegoria
Se dança Zumbí no asfalto
A pedra de crack o assalto
Se chora Yoyô, chora Yayá...
E sob a névoa que recobria
Pelo cachimbo um sací cria
Daquela tragada, o incauto
Vai o escravo daquele salto
Mata minha flor de manacá...
E chora a minha triste Bahia...
Porque ha muito, não se via
Um berimbau tocar tão alto
Naquele cachimbo o arauto
Qual manchará o seu abadá...
Juninho Correia, 08/06/12
Ps. : Saci significa usuário de
Crack, como no personagem
Do nosso folclore que nunca
Se separou do seu cachimbo...