Pobre menino
Deitado no chão da praça
entre ratos e solidão
dorme o menino.
Segura firme o saco com cola
que lhe fornece calor de mãe,
pobre menino.
Cresceu na rua,
florescendo, pedindo, roubando
acordando e sonhando com fome,
dormindo dilacerado.
Pelas frestas dos olhos semifechados
Corta-lhe a visão
e as pupilas dilatadas
observa o farol e a lua.
Faz um calor horrível
hoje em São Paulo
está impossível dormir.
Pobre menino.