Pobre menino

Deitado no chão da praça

entre ratos e solidão

dorme o menino.

Segura firme o saco com cola

que lhe fornece calor de mãe,

pobre menino.

Cresceu na rua,

florescendo, pedindo, roubando

acordando e sonhando com fome,

dormindo dilacerado.

Pelas frestas dos olhos semifechados

Corta-lhe a visão

e as pupilas dilatadas

observa o farol e a lua.

Faz um calor horrível

hoje em São Paulo

está impossível dormir.

Pobre menino.

Daniel Braym
Enviado por Daniel Braym em 04/06/2012
Reeditado em 04/06/2012
Código do texto: T3704560