FAVELA
...E o mundo estava no Alto.
O povo abençoava o que lhe vinha do céu,
o sol brilhava, era forte,
seus raios chegavam primeiro no morro
o universo resumia-se às casas emboladas;
telhas rachadas, lonas, madeirites, papelão,
lata d'água, pá, rodo e piaçava...
pão bolorendo, copo de café,
pés descalços, camisa do Brasil,
gooool!!!!
O povo pobre estava rico.
As águas da chuva passada corriam morro abaixo.
Apesar do mato traiçoeiro, da terra escorregadia,
a vista era como nenhuma e se tinha o calor astral.
O sol brilha no rosto e nos olhos,
o catarro escorria do nariz da criança,
as lágrimas secavam-se com facilidade.
O povo limpava, arrumava, sorria,
pensava que reconstruia moradia
e se sentia: dono do tudo.
Feliz visão altaneira
porque já não há desmoronamento
é hora de esquecer o barro,
sacudir o pó, reaprender o que é ser
brasileiro: dono do nada.
Paineiras, 1975
...E o mundo estava no Alto.
O povo abençoava o que lhe vinha do céu,
o sol brilhava, era forte,
seus raios chegavam primeiro no morro
o universo resumia-se às casas emboladas;
telhas rachadas, lonas, madeirites, papelão,
lata d'água, pá, rodo e piaçava...
pão bolorendo, copo de café,
pés descalços, camisa do Brasil,
gooool!!!!
O povo pobre estava rico.
As águas da chuva passada corriam morro abaixo.
Apesar do mato traiçoeiro, da terra escorregadia,
a vista era como nenhuma e se tinha o calor astral.
O sol brilha no rosto e nos olhos,
o catarro escorria do nariz da criança,
as lágrimas secavam-se com facilidade.
O povo limpava, arrumava, sorria,
pensava que reconstruia moradia
e se sentia: dono do tudo.
Feliz visão altaneira
porque já não há desmoronamento
é hora de esquecer o barro,
sacudir o pó, reaprender o que é ser
brasileiro: dono do nada.
Paineiras, 1975