Transeunte Solitário
Transeunte Solitário
Era cinco e trinta minutos
O caos desértico da manhã
A paz transitória de omissão
Nublada
Tantos destroços jogados
Lixo, cascas de fruta, latas de cerveja
Ao calçamento
Transportei-me ao dia barulhento
Que dali a duas horas recomeçava
Tudo novamente
Operários sôfregos indo ao trabalho
Executivos engravatados
Milionários em seus caros carros
Crianças com as bolsas de colégios
Atrelados às costas
Bêbados de ressaca nas marquises
Enfim mil solidões ali reboladas
Em passos trôpegos ou largos
Para o não e para o sim
Coletivos abarrotados de gente miúda
Triturados pela pressa, relógio de ponto
Aperto de espaço, pela falta de dinheiro
E pela falta de rumos.