Teatro dos malditos
Sob os meus pés o mundo é roda viva...
Mil veredeas, apontam os camihos,
O vento voa varando varais
E os girassois morrem a sangue frio.
Nas manhãs, outras flores eclodem indiferentes;
Alvoradas brilhantes, estonteantes,
Passeiam feito "misses" sem plateia,
Pintam a paz em qualquer cor;
Já que o branco, enferrujado, não diz mais nada.
Quem vivesse veria; tantos já se foram...
Não muito longe dali, esfarrapados
por dentro, por fora ternos de olhares e roupas,
Traem-se mutuamente; câmaras...telefones...
São seres encarnados em "não-sei-quê";
Vivem a roubar e perseguir ladrões,
São essas as suas tarefas mais diletas;
Habitam um planalto em um tal pais bloqueado
Com seus áporos desdenhados.
Eles não têm tempo nem manhãs, só manhas;
Rugem como leões por nada;
Brigam e riem feito hienas por carnes podres...
Mas em suas gordas contas, descontam sem dó
A carne magra e fresca das criancinhas.
São canibais, antropófagos disfarçados de nada.
Divinais e diabólicas, não importa...
São todas tristes as suas comédias;
Alegres mesmo são seus dramas e tragédias
E suas desvairadas cirandas financeiras
As quais a natureza observa calmamente...
Quem pensa, pensa que ela não se vinga,
Quem vingar, pensará que ela não pensa...