RETORNO
Quase que já não dizemos mais
Daquelas coisas que tocavam,
De fome, da morte de animais,
De belas palmas que ao vento balançavam.
E das pequenas coisas do dia
Como vinho e boa conversa,
Da graça de quem sorria,
Do choro e horas perversas.
E dos homens aquecendo a terra,
Só dizem pelo viés do mal,
Esperando o carnaval
Pra esquecer-se das guerras.
E as mulheres da minha rua
Já não debruçam na soleira:
Triste realidade crua
Sem a sombra da paineira.
Voltemos ao nosso tempo
Comprometidos com verdades,
Antes que a falta de solidariedade
Se multiplique aos ventos.