Choram as tristes Flores
"A Arte é a mentira que revela a Verdade..."
(Pablo Picasso)
Choram as tristes Flores desta Vida
Entre forma d'Amor enternecida
Ao ver essas ações... Tão desusadas.
Embebidas por lágrimas ardentes,
As Pétalas, tão doces e fulgentes,
Plangem por Vidas langues, acabadas.
Eu vejo inda uma Luz... Sonhos florais...
Pétalas que, em suspiros seus finais,
Descem dessas Estrelas do Perfeito.
No Mundo... Visões feitas d'entre sangue!
Na Cruz... Aquele Cristo terno e langue!
Porém inda Esperança no meu Peito!
Choram as tristes Flores destes Laços...
Todas elas, em férvidos Abraços,
Vão cantando ali mádidas Canções.
Os prantos são ali cadenciados.
E, neste Mar de lágrima, embalados,
Os sonhos perdem suas Afeições.
Choram as tristes Flores desta dor;
Perdidas em seus sonhos de terror...
Não sabem o que seja realidade.
Por que, humano, tu fazes isto co'elas?
São tão inermes, pálidas Donzelas...
Loucas! Perante tal insanidade...
Choram as tristes Flores... Em porfia;
Plangendo a cada instante desse dia
Por seus algozes! Sórdidos algozes!
Nesta agonia imposta por humanos
(Em brados temerários, desumanos)
Choram por esses seres tão atrozes!
Seria lindo ver, nas Flores pálidas,
Sorrisos em fragor e formas cálidas...
Ter-se-ia ali estrépito fugaz.
Quem sabe sobre a Terra correria
Uma Chuva de Flores... Que viria
Em forma procelosa, tão audaz.
Choram as tristes Flores que, perdidas,
Vão cantando num mar d'Almas sofridas;
Embaladas por tétricas visões.
Mar! Tu, que és Senhor plácido das Águas,
Arranca dessas Flores essas mágoas...
Essas mágoas de tuas virações!
Choram as tristes Flores deste Mundo...
Numa dor... Num ardor feroz, profundo...
Enquanto o Mundo é palco do sofrer!
Ah! Meu Deus! Pobres Flores que ali choram...
Ah! Flores que em pesares vãos imploram...
A Deus, para Ele ao Mundo já descer!
Choram as tristes Flores destas Vidas;
E, já com vozes roucas e sofridas,
Entoam inda belas melodias.
Só mesmo uma Flor, entre sacrifício,
Consegue inda manter seu nobre Ofício...
De fazer bem mais belos nossos dias!
Choram as tristes Flores... Em velórios;
A arquejar nos seus Passos merencórios;
Esperando do Sol a claridade.
Vem, Sol! Vem, Sol! Espero-te também!
E, como um Lar - sem vida, sem ninguém...
Choram as tristes Flores d'Amizade!
Eu vejo inda uma Luz... Sonhos florais...
Pétalas que, em suspiros seus finais,
Descem dessas Estrelas do Perfeito.
No Mundo... Visões feitas d'entre sangue!
Na Cruz... Aquele Cristo terno e langue!
Porém inda Esperança no meu Peito!
*Decassílabos no ritmo heroico
28/04/2012