A URUBUZADA
O nosso cartão postal
Encontra-se à beira da estrada
Enfeitando a paisagem
Do nosso holl de chegada
São deveras graciosos
Extremamente glamurosos
Não há o que se compare
À nossa urubuzada.
Fazem pousos e decolam
Com eles não há preguiça
Estão sempre em movimento
A procura de carniça
Com o seu olhar aguçado
E o seu olfato apurado
Vem aos montes pra esta terra
Cheia de gente omissa.
Na chegada da minha vila
Por nome de Ibirajá
Aglomeram-se nas pedras
Pois nesse lugar aqui há
Uma bela cachoeira
Onde em outrora havia
As crianças com alegria
Nas pedras a escorregar.
Aqui brincavam, nadavam,
Muitos até mesmo nus
Naquelas hialitas águas
que brilhavam tal qual a luz
Que na aurora irradia
Fazendo surgir novos dias
Pra este lugar que atualmente
Está cheio de urubus.
João Gato com seus chiqueiros
Lamba dos fatos tratando
Nós com os nossos esgotos
Nosso rio vamos matando
O mau cheiro logo exala
E em uma grande escala
De tudo quanto é canto
Os urubus vão chegando.
Às vezes sinto vergonha
Por fazer parte de um povo
Que vivendo erroneamente
Causam tão grande estorvo
Pois onde há urubuzada
É por que tem coisa errada
E esse monte de imundice
Só faz nos trazer transtornos.
É uma cena deplorável
Ver tanto bater de asas
Desses seres agourentos
Pousando encima das casas
Rasgando sacos de lixo
Brigando por causa disso
Correndo no meio das ruas
Pousados na caixa da EMBASA.
Ah quem dera se um dia
O povo se conscientizasse
Higienizasse essas ruas
E a sujeira terminasse
João, Lamba e outros tantos
Organizassem seus cantos
Pra que essa horrenda cena
D’uma vez por toda acabasse.
Creio que virá o dia
Que tudo vai se ajeitar
As coisas serão bem feitas
Sem ninguém determinar
Bicho viverá com bicho
Lixo ficará no lixo
Gente estará com gente
Cada qual no seu lugar.