Uma Revolução por Minuto…
Em todos os locais onde existirem homens e mulheres
Que desejando
Não podem falar
Tendo presa a sua voz
De tal ordem
Que a única coisa que ainda podem fazer
É simplesmente respirar…
De noite
De dia
Hoje
Amanhã
E depois
Nos locais de abundância
Onde um homem tem que comer lixo
Porque a abundância não é para todos
Só para alguns
E quem não faz parte do grande banquete
Vive apenas do seu desperdício…
Nas ditaduras
Nas democracias
Onde a razão aceite
For dos donos
Onde houver donos
E não cidadãos
Onde não formos todos iguais
Apesar dessa igualdade vigorar nas nossas belas leis
Palavras belas e dignas
Mas que não passam de tal
De belas declarações
De extintos princípios
Não passam de um mero paliativo
Para deixar a nossa consciência tranquila
Enquanto passamos ao lado
E mesmo por cima
De seres iguais a nós
Que estão prostrados no chão
Porque neste admirável mundo novo
A igualdade
A democracia
A paridade
Só o são
Para quem tal possa pagar
Apesar das ilustres leis
Que constantemente
Tal verdade incómoda
Uma e outra vez
Lá vêm negar
E assim
Pelo que resta da nossa ética
Dos nossos princípios
Da nossa humanidade
Antes que tal morra para sempre em nós
Antes que seja demasiado tarde
O nosso ouvido
Tem que deixar de ser mudo
E ouvir a voz da humanidade
Que grita sem ninguém a ouvir
E que em desespero já só pede
Uma Revolução por Minuto…