Uma Revolução por Minuto…

Em todos os locais onde existirem homens e mulheres

Que desejando

Não podem falar

Tendo presa a sua voz

De tal ordem

Que a única coisa que ainda podem fazer

É simplesmente respirar…

De noite

De dia

Hoje

Amanhã

E depois

Nos locais de abundância

Onde um homem tem que comer lixo

Porque a abundância não é para todos

Só para alguns

E quem não faz parte do grande banquete

Vive apenas do seu desperdício…

Nas ditaduras

Nas democracias

Onde a razão aceite

For dos donos

Onde houver donos

E não cidadãos

Onde não formos todos iguais

Apesar dessa igualdade vigorar nas nossas belas leis

Palavras belas e dignas

Mas que não passam de tal

De belas declarações

De extintos princípios

Não passam de um mero paliativo

Para deixar a nossa consciência tranquila

Enquanto passamos ao lado

E mesmo por cima

De seres iguais a nós

Que estão prostrados no chão

Porque neste admirável mundo novo

A igualdade

A democracia

A paridade

Só o são

Para quem tal possa pagar

Apesar das ilustres leis

Que constantemente

Tal verdade incómoda

Uma e outra vez

Lá vêm negar

E assim

Pelo que resta da nossa ética

Dos nossos princípios

Da nossa humanidade

Antes que tal morra para sempre em nós

Antes que seja demasiado tarde

O nosso ouvido

Tem que deixar de ser mudo

E ouvir a voz da humanidade

Que grita sem ninguém a ouvir

E que em desespero já só pede

Uma Revolução por Minuto…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 23/04/2012
Código do texto: T3629216
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