Mijador

Depois das dez da noite

É o point da velha juventude.

O local é fedorento,

E o mais exótico da cidade.

A galera vai de carro

Ou a pé para devassidão.

Bituqueiros fazem plantões...

Há muita imoralidade.

O poder maligno ganha magnitude.

O inferno sorri, vê-se vociferar o cão.

Participam tribos de todas as idades.

Dos caras lisas aos de rugas nas caras.

Mutantes esquisitos e esquisitos sem identidades.

Todos são virulentos dessa desgraça.

O mijador é o ponto da seita do mal.

Leva à loucura, ao vício, o bicho-homem animal.

Por uma ponta de bituca, de cigarro, declara-se guerra.

Os idiotas ingerem a droga como mel.

Levam suas famílias à tortura, à merda...

Contaminam o ar com esse fel.

São as pragas de séculos...

Exterminam a esperança

Dos pregos sem martelos.

Texto do livro “Espelho de Cristal”, Ed. Scortecci, SP, 2001, pág. 93 - Autor: Prof. Osmar Soares Fernandes.