Durante quanto tempo cantaremos a canção…?
Daqueles que nos colocam na lama
Em nome da democracia
Daqueles que nos condenam à escravidão
Em nome de interesses
Estranhos
E que nada têm a ver
Com o mais simples cidadão
Aquele que morre lenta
Anónima e silenciosamente nas ruas
Para pagar devaneios
Que lhe são de todo alheios
Durante quanto tempo cantaremos a canção…?
Pactuaremos com tal
Com o nosso calar
Com os nossos votos
Com a nossa passividade
Enquanto eles se passeiam perante os nossos olhos
Se exibem em carros caros
Que nunca poderiam ter
Mas que somos nós
Que os estamos a pagar…
Pagando com sangue
Suor
E lágrimas
A incompetência
Amarga
Que nos lançou na penúria
Mas que não é crime
Porque eles assim o entenderam
Fazendo parte da nova legislação
Onde crime não o é
E por isso não merece castigo
Porque é lícito e lógico
Medidas ruinosas
Que à miséria
A nós e à nossa descendência
Nos condenam…
E por isso
Não me venham falar
Em primaveras árabes
À importância de tal para o nosso futuro
Para o futuro das nossas democracias
Quando na nossa própria casa
Entre portas
Temos crimes bem piores
Exercidos em nome da liberdade
Do progresso
Que só o são
Para os nossos donos
Por nós
Ingenuamente eleitos
Que se servem a si próprios
Com as nossas vidas
O nosso futuro
Luz para eles
Para nós a pior escuridão
E eu detestaria
Que eles só parassem
Quando gentes já desesperadas
Gritassem nas ruas bem alto
A palavra
“Rebelião”
Preferia antes o diálogo
Que deve prevalecer
Sobre qualquer revolução
Esta só deve acontecer
Em ultimo recurso
E por isso pergunto
Nunca deixarei de perguntar
Durante quanto tempo cantaremos a canção…(deles…) ?