Vitrines Humanas
Um relâmpago assaltou a noite de trevas
Deixando-a desnuda da escuridão que amedronta,
Trovões fizeram balouçar as estrelas sem conta
E as nuvens desabaram sobre tufões de ervas.
Tempestade sinistra varreu o verdor da madrugada
E lamparinas piscaram delatando a indecência,
Cobertores rugiram soçobrando as consciências
Que se desviaram de suas retas por escandalosas estradas.
Perigos que a iniquidade em vendavais se alevanta
Proporcionando a infelicidade de famílias tantas
Que o amor se camufla de vergonha e constrangimento...
Na chuva fina em que se arquiteta o alvorecer,
O arrebol cirurgia as vitrinas humanas com novo prazer
Dilatando as emergências que buscam renovar os sentimentos!