SONETO DE UM NOTÍCIA AMARGA

Saiu certo dia de onde não deveria

Do Nordeste direto para a periferia

No fim de São Paulo fez morada

No fim de tudo, na ponta da estrada.

Dali da favela foi de novo enxotada

Veio Oficial e Polícia, certo dia

Arrasando o pouco que ainda tinha.

Famílias na rua, sem teto, sem nada

A ela só restou a porta larga da rua

Foi morar ao sol, sob chuva, sob a lua

Onde a doença logo lhe fez companhia

Certa feita, foi procurar tratamento

Em hospital do Estado, sob frio e vento.

Morreu ali sozinha na fila da agonia.