Gira mundo
Volta mundo,
vira e revolta
Roda, gira, tomba e solta...
Vão homens sem rumo
Vão crianças andando
E vão também
mulheres que sempre soltam
gritos de dor...
E rangem os dentes todos
sem querer retornar à vida,
de reviravoltas.
O mundo vira, vira e volta
já está passando,
já há retardatários
Estes aí,
A marcha dos lentos,
dos perdidos,
dos desalentos,
dos sem rosto,
dos sem posto.
Os que olham só pro chão.
Este chão que não acaba,
não dá em lugar nenhum...
Passos curtos,
muita fome,
privação,
alguns furtos...
Multidão de cara branca,
Vaga a marcha dos desesperados,
rumo ao inferno da vida,
infinito.
O mundo Roda, giramundo...
Mais na frente,
gente ligeira,
de canseira passageira,
gente que anda sem cansar.
Gente que roe as milhas num segundo
num carro que corre rios
de dinheiro,
que lá atrás,
nunca ninguém verá.
Um carro velho do ano dez mil...
Gente que dá voltas
muito mais,
que todo o mundo,
mas já estão zonzos...
Roda, gira, ciranda cirandinha
Volta e meia, meia volta,
meio mundo,
Criancinha que anda de carro,
que anda á pé,
que vai no colo do pai,
Criancinha que vai
com venda nos olhos....
Ninguém se perde,
Nunca,
pois o caminho,
é bem pertinho,
é sempre igual.
Roda, volta, gira
Tomba no abismo profundo,
E só não vira,
Quem não está no mundo.