Aquele Mendigo
Passas pela rua e vê pobre criatura.
Pedindo esmola a desconhecidos.
Sentes primeiro nojo de tal fissura,
Depois pena, de arrependido.
E em seguida conferes a fortuna
Que está em teu bolso colorido.
E até pensas dar fratura
Das moedas de cobre polido.
E olhas o relógio apressado,
Louco correndo em pressa muda.
Por ele o tempo é dominado.
E assim, sua fé fica surda.
E tu abandonas o pobre coitado.
Passas por um miserável de forma abrupta,
Com pés ociosos, porém calejados
De correrem cansados da luta.
Pelo anoitecer, ainda meio vivo
Tu vês acordado aquele mendigo.
E paras por um instante, atordoado.
Que empatia estranha tens no dia acumulado.
Que pobre destino é o dessa caveira humana.
Pensas no retalho de sua choupana.
E mais a frente vês na vidraça
Que na rua não há ninguém, só tua bagaça