Aquele Mendigo

Passas pela rua e vê pobre criatura.

Pedindo esmola a desconhecidos.

Sentes primeiro nojo de tal fissura,

Depois pena, de arrependido.

E em seguida conferes a fortuna

Que está em teu bolso colorido.

E até pensas dar fratura

Das moedas de cobre polido.

E olhas o relógio apressado,

Louco correndo em pressa muda.

Por ele o tempo é dominado.

E assim, sua fé fica surda.

E tu abandonas o pobre coitado.

Passas por um miserável de forma abrupta,

Com pés ociosos, porém calejados

De correrem cansados da luta.

Pelo anoitecer, ainda meio vivo

Tu vês acordado aquele mendigo.

E paras por um instante, atordoado.

Que empatia estranha tens no dia acumulado.

Que pobre destino é o dessa caveira humana.

Pensas no retalho de sua choupana.

E mais a frente vês na vidraça

Que na rua não há ninguém, só tua bagaça

Luís Clemente de Campos
Enviado por Luís Clemente de Campos em 02/04/2012
Código do texto: T3590418
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