CASAL NOBRE


Durval Carvalhal 



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Meu voto!
A quem o dou?
Não sei!
Estou tão vacilante...
Há tantos pretendentes!...

          II

Ah! Já sei!
Dá-lo-ei à liberdade.
Oh! Mas ela exilou.
Vive tão longe
E não retornou.

          III

Poxa!
Como tortura ter e não ter.
Tenho-a e não a tenho.
Quero vivê-la e não posso,
Justamente porque não existe.

          IV

Oh, Deus!
Iluminai do alto
Vossa própria criação:
A liberdade do voto e
O voto da liberdade,

          V

Que agora
Vivem tão distantes,
Tão indiferentes,
Quando já foram
Tão coesos e felizes.

          VI

E como sofro por vocês!
Tão belo casal.
Pifiamente divorciado:
Voto sem liberdade e
Liberdade sem voto...

          VII

Oh, Terra!
Palco das contradições,
Espaço das antíteses e
Mãe das angústias,
Por que não espremes
Do teu vasto seio
O acre leite da maldade,
Que medra e corrompe,
Até mesmo,
As nobres consciências?...

 

CARVALHAL, Durval. SIMBIOSE, Poesia & Prosa. Salvador, Gráfica Trio Ltda, 1977.

 
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 01/04/2012
Reeditado em 09/06/2018
Código do texto: T3588940
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