Não…
Me alimentarei mais
Até ao último homem com fome no mundo também comer
Alimentar-me-ei das dores dele
E com ele irei de fome morrer…
Fecharei os olhos nem mesmo no meu momento final
Até que aqueles que nos levam para as trevas
Sejam levados a tribunal…
Me calarei
Falarei para além do impossível
Enquanto souber que vozes se calam
Para sobreviver
Vozes são silenciadas
Porque é demasiado incómodo
O que elas têm a dizer
E assim
Uso a minha voz
Não para falar de mim
Mas para falar em nome das vozes silenciadas
Que na época de mais luz dos homens
Que dizem onde vivemos na actualidade
Essas vozes não são ouvidas
Porque as suas bocas foram caladas
E assim
Até me calarem a mim
Falo por quem não pode falar
Sabendo que se o mesmo me acontecer
Alguém por todos nós se irá erguer
E em vez de falar
Dessa vez
Essa voz bem alto irá gritar…