ÉBRIOS
Somente um golinho para abrir o dia
Pra rebater a inhaca do dia passado
Pra lavar a boca pra esquentar o peito
É assim que fala o pobre viciado
Vive ansioso pra raiar o dia
Na primeira hora põe-se a levantar
Mal lava o rosto os dentes não escova
Vai matar seu vício na mesa de um bar.
Quantos são os ébrios que vivendo em vão
Estão neste mundo à mingua morrendo
Sem perspectiva de um novo amanhã
Dia após dia vão desfalecendo
Olhos fundos longe, rosto magro pálido,
Pescoço, pernas, braços tão finos qual um palito,
Barriga e pés inchados, totalmente invalido,
Tudo ocasionado por vício maldito.
Pobre desgraçado motivo de chacotas
Pra os mesmos que outrora se diziam amigos
Que o abraçavam, viviam em sua volta,
Hoje sentem nojo de falar contigo
Quando eras novo, forte e tinhas renda
Quando só pagava, todos o aclamavam,
Mas quando veio o mal, o caos, a desgraça,
Mais do que depressa logo o abandonaram.
Não tens culpa tu por ser um moribundo
Não têm culpa os outros por fugirem de ti
A culpa é desse mundo que corrompe tudo
Que faz com que os mais fracos venham sucumbir
Se afogando em vícios no maldito álcool
Na bebedeira insana que a ti controla
Arrasa seus bens, sua paz, sua família,
E por fim até a sua vida consome, devora.
Maldita cachaça, wisk, cerveja, wodka
Vinhos energéticos e tudo quanto é bosta
Que dá uma nostalgia súbita repentina
Uma sensação que quase todo mundo gosta
Que é pra vida tal qual laranja lima na boca
Que no inicio é doce como o mais puro mel
Porem depois deum tempo logo ela se torna
Tão desprezível e amarga como o intragável fel.
Eu sou também um ébrio, um dependente químico
Que a minha vida arraso mesmo sem querer
Que luto pra conter esse meu vicio cínico
Que tenho a esperança de um dia vencer
Que não quer acabar como os tantos que vi
Vitimados por essas malditas bebidas
Que arrancam de nós as razões de existir
Que sem nenhum recato destroem nossas vidas.