BUTECOPOESIA ...
Primeiro veio a idéia, imagem
Seguido o sabor pela memória
A sensação de relaxamento
A hora alegre da sexta-feira
Ao longe o templo é avistado
Território sagrado de costumes
Espaço de diálogo no séc. XXI
Primeira copa de nossos casas
Da cozinha a música toca o olfato
A memória acredita ouvir o sabor
Nas mãos do garçom a visão
Da desculpa de estar por ali
O ambiente toca o tato do coração
Por sobre a mesa o “Madureira”
Deposita a moreninha geada
Um estopim sonoro se avista
E por sobre o americano cristal
Deita-se a bela loira gelada
E o ti-li-lim de mãos que se erguem
Num ritual à amizade e alegria
Um tok-zinho na boca da garrafa
Numa crença de nunca secar
O primeiro gostoso e ansioso
Gole a molhar a língua e a garganta
Faz o lúpulo amargo doce ficar
E um sonoro “aaaa” sobe da garganta
Numa expressão de humana satisfação
Petiscar é outra pedida nos bares da vida
Embalado pela sempre nobre companhia
De uma ou várias pessoas queridas
E o bar que dantes era templo e sinônimo
De hábitos, pessoas e coisas a evitar
Resignificou-se em desculpa para conviver
Os males esquecer, a vida celebrar
Com amigos congratular, comungar, desabafar
Embora contestadores possa eu encontrar
Vejo um lado positivo de no bar ir passear
Pois aos olhos atentos de um poeta
O aparente trivial da “buteconomia”
Faz de cada detalhe uma bela poesia.