Raça

Nasceu em dia límpido

Lágrimas mansas derramou

Do ventre da mãe penitente

Tal criatura amena e perfeita germinou

Ninou em berço branco

E por pureza só queria amar

Mas eis que a transparência do céu haveria de escurecer

E temporal era sua inocência

Que neste momento infame deixou-se render.

Aprendeu a falar, julgou.

Arriscou a andar, guerreou.

Criou fronteiras, disse que não

saberia lidar com a prenda que a imperfeição alheia traz

Sua essência instintiva infligiu o sofrimento

E a dor da batalha foi tenaz.

A empunhar sua arma infalível, dividiu-se em dois

Os sinos da igreja nunca mais entonaram ao mesmo tom

O estranho e o belo já não eram um

E o eu jamais seria suficientemente bom

Criou família sem amar ao próximo

E segurando sua cria em posição de brado as nuvens turvas

O ensinou a clamar a nação

Pelo ser irracional cultivou atenção

E da cidade fez selva

E do exército fez selvagens

E tal homem revelou ser animal

Rugiu pra lua todo seu mal

E ordenou pra que sua raça não tivesse final.

Lucas Mezz
Enviado por Lucas Mezz em 28/03/2012
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