9 CORDAS!
9 Cordas
Primeiro, eu queria lhes contar
Que nem mesmo as parcas
poderiam sequer imaginar
O destino dessas mulheres
Depois, eu peço desculpas por inventar
Tantas histórias
Que nem a Memória
poderia sequer me perdoar.
Os Deuses as olhavam dos céus
Viam o nó dessas cordas para se desatar
Tão imortais que nem mesmo os deuses
conseguiriam compreender.
Pois bem, deixemos de falatório
Deixemos de blá bla blá
E vamos a elas, as nove cordas
De uma canção que nem o Apolo saberia tocar.
A primeira, a Madame Urânia, cartomante da praça
Tinha uma menininha que parecia uma estrela
Usava a sua bola de cristal e um pouco de mentiras sabidas
Para acariciar o coração das perdidas que lhe consultavam para se encontrar!
Seu nome não era Urânia e Sim, Ariana
Mulher tão sofrida que nem o Zodíaco
Poderia lhe ajudar é que a vida tem dessas coisas, não é mesmo?
Sonhava tão alto, a pobre cartomante
Estrela de algum filme ou qualquer coisa de cinema
Mas ela comeu o pão que o diabo amassou e não tinha
nem manteguinha pra ajudar a empurrar.
Flor espancada, um aborto do amor...
A segunda, era Euterpe
Ah! dessa me lembro muito bem foram noites maravilhosas!
Era Eduardo, mas operou e se transformou em Eloísa
Ia pra Delfos, se vender por algum dinheiro.
Se vender e se entregar
Aos mais podres Doutores
Que se faziam de gelo por vergonha de...
Mas ela sonhava em usar esse gogó oh sim!
E não se esconder
Não mais se entregar
Não quer mais alteridade
Quer ser mulher e cantar a sua verdade! ...
A Terceira corda
É a Polínia, beata safada
Que tinha lá pra baixo um calor infernal!
Dizia que ia para a missa para poder se enganar.
Se chamava Poliana, tinha um rosto angelical
Fazia a caridade de ir para a Delfos
Flertar com os mais deliciosos pecados
Era uma artista, esculpia santos e anjos como ninguém...
Agora é que é ela!
A minha Erato, ou melhor Teora!
Devo lhes dizer que nasceu em família abastada
De uma podridão tão adornada de se dar gosto!
Apaixonada por Luna, colega de faculdade
Desenhava nos papéis a sua história de amor
Que era tão maravilhosamente linda!
Que não se poderia viver!
Estava de casamento marcado
Não sei dizer se os seus pais consultaram um oráculo
É que até o bebê já estava nos planos, dos Deuses?
Lembro também que o noivo é o Ícaro B. Magalhães, arquiteto bom partido...
Pobre Rapunzel de Moicano
O fantasma do medo
Insistia em se desenhar na sua vida
E a Pobre Luna minguava aos poucos...
A Quinta corda é a ...
Melpômene, mulher da sociedade de bem
Que bem consumia as drogas sem bula
Para lhe ajudar a aguentar passar pela luz do dia
Que lhe ofuscava menos que os holofotes
Lembro que eram tantas capas de revistas
Tanto Glamour que a Diana Oliveira quase morreu
Foram tantas máscaras que ela até se confundiu...
A Sexta, era o revés
Talia era pobre, professora de escola pública
Ensinava nas artes a arte de pintar fracassos
Natalia Albuquerque era tão humilhada
A vida dela era quase uma comédia
Tem que rir, pensava ela
Que é para não chorar!
Sofrera um estupro do próprio padrasto, cirurgião consagrado...
São tantas cordas
Que tocam e arranham
Dedilham e se entrelaçam
Devo continuar?
Será que aguenta o miserável leitor?
As próximas três não diferentes, não distoam da melodia...
Não são de Atenas e nem filhas de Vênus!
Terpsícore, é a próxima
Corda difícil de dedilhar!
É que ela saiu há pouco da cadeia
Presa em flagrante por ter atirado no seu ex marido!
Mas flagraram o que, Carol?
Flagraram as surras que ele dava em sua filha?
Toda roxinha, a pobre criança que a única culpa que carregava
Era ter um problema na cabeça e demorar para entender...
La da La ra La ra da da
La ra da da ra ra la la
La ra da da ra da da da
La da la la la ra ra ra la
E a próxima corda?
Se chama Clio, ou melhor Cleonice
Professorinha muito dedicada
Que batalhou muito na vida
Se envolveu com um escroque
Que não valia as mentiras que arrotava
Enquanto ela fazia todos os períodos do tempo
Ele gastava o dinheiro com outras damas!
E por fim, a última de que me lembro
É a Calíope que foi uma bixete do meu tempo de faculdade...
Hoje é escreve para um blog sobre os diversos restaurantes
Um em que a Júlia gosta muito de escrever sobre é o Partenon.
Resturante famoso
Comida Grã fina
Gente fina é outra coisa, não é mesmo?
É! Se é!
Que o diga a Calíope quando conheceu
Um arquiteto bom partido
Tão arquiteto que forjara o diploma
Para impressionar!
Nove meses depois...
Como eu disse no início nem os Deuses poderiam prever!
Era o dia da premiação da Ariana Tinhosa
Que conseguiu dar vôos que não são de Ícaro!
E foi feliz!
Nove meses depois...
Na abertura do Show estava a minha Euterpe
que largou a Delfos e todo aquele lodaçal
Para brilhar, a plateia gritava BIS!
E foi feliz depois de tanto carregar o mundo nas costas.
Nove meses depois...
Polínia fez uma exposição das suas escuturas
Quando conheceu Adônis, rapaz galanteador
Que a levou a loucuras que nem mesmo a igreja conseguiria compreender.
E foi feliz!
Nove meses depois...
Erato e Luna estavam arrumando as coisas para o apartamento
Luz, água e amor era o que elas tinham
E pensando bem o final dos contos de fadas não mudam.
E foi feliz!
Nove meses depois...
Melpômene foi para uma clínica de reabilitação
Voltou a se alimentar de coisas que nutrem a gente
Conseguiu papel numa novela de destaque
E foi feliz!
Nove meses depois...
Talia estava no aeroporto mais o marido
Para viajar para Amsterdam onde
Irá expor um quadro seu sobre as musas das artes
E foi feliz!
Nove meses depois...
Clio, contava uma hostorinha aos netos
Depois de ter feito os biscoitos
O almoço e o jantar...
E foi feliz!
Para terminar a Calíope , que hoje nem se lembra muito de mim...
Conheceu os restaurantes do mundo inteiro
Publicou um ou dois livros de Sucesso...
Nove meses depois, ela foi feliz!
As mulheres são seres de uma força descomunal!
Superam tudo e aguentam muitas dores
São a melodia da mais bela canção!
São musas inspiradoras em qualquer era.
Elas não são mais ecos
De uma vida submissa e de alteridade.
Não! Elas são vozes!
Nove cordas que buscam a felicidade!
La da La ra La ra da da
La ra da da ra ra la la
La ra da da ra da da da
La da la la la ra ra ra la..