POESIA NEGRA
Fartas gotas de sangue mancham a chibata
Mãos que a impunham com implacável furor
E escrevem dessa dor, sua história
Como uma balela ideológica e inglória
Na óptica do senhor escravocrata...
Com a tinta vermelha de nosso sangue
E o penhor de tantos "Ais" em grito aflito
Nosso suor lava os sulcos dessa terra
Nossa alma encarnada no infinito...
Vem Gonçalves e faz jus ao nosso pranto!
Junte-se as nossas vozes em negro canto...
Até quando Zumbi lá dos Palmares?
Até quando, irmão Nelson Mandela
Chorarão sem saber nossas crianças
Erguerão suas mãos em esperança
Pretas velhas a espera dos filhos delas?...
Até quando essa vida subumana
Que mói-nos feito moenda à cana
E o bagaço de nós fecunda a terra
Até quando essa dor que nos encerra?!!!
Desterrados...Não mais temos mãe, nem filhos,
Não temos irmão, nem lar, nem flores.
Nossa poesia é da cor da perseverança
É forjada no escuro de uma sela
Nos porões do submundo da sociedade
A ferro e fogo nos versos de nossas dores...
O banzo de saudades de nossa terra.
Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 25/03/2012
LEVARAM-NO
Levaram-no!
A casa ficou sem ninguém
O barulho da porta ao bater
Com o barulho do vento se misturou
Levaram-no!
O chorar das crianças
Sem ninguém
Levaram-no!
O cansaço repartindo-se por todas as almas
Crianças, crianças,
Não chorem
Levaram-no!
A casa ficou sem ninguém
Mulheres olhando
Sem ver
Mães erguendo mãos para o céu
Sem ver nada
José Carlos Schwartz
(Bissau: 1949-1977)
Levaram-no!
A casa ficou sem ninguém
O barulho da porta ao bater
Com o barulho do vento se misturou
Levaram-no!
O chorar das crianças
Sem ninguém
Levaram-no!
O cansaço repartindo-se por todas as almas
Crianças, crianças,
Não chorem
Levaram-no!
A casa ficou sem ninguém
Mulheres olhando
Sem ver
Mães erguendo mãos para o céu
Sem ver nada
José Carlos Schwartz
(Bissau: 1949-1977)
Fartas gotas de sangue mancham a chibata
Mãos que a impunham com implacável furor
E escrevem dessa dor, sua história
Como uma balela ideológica e inglória
Na óptica do senhor escravocrata...
Com a tinta vermelha de nosso sangue
E o penhor de tantos "Ais" em grito aflito
Nosso suor lava os sulcos dessa terra
Nossa alma encarnada no infinito...
Vem Gonçalves e faz jus ao nosso pranto!
Junte-se as nossas vozes em negro canto...
Até quando Zumbi lá dos Palmares?
Até quando, irmão Nelson Mandela
Chorarão sem saber nossas crianças
Erguerão suas mãos em esperança
Pretas velhas a espera dos filhos delas?...
Até quando essa vida subumana
Que mói-nos feito moenda à cana
E o bagaço de nós fecunda a terra
Até quando essa dor que nos encerra?!!!
Desterrados...Não mais temos mãe, nem filhos,
Não temos irmão, nem lar, nem flores.
Nossa poesia é da cor da perseverança
É forjada no escuro de uma sela
Nos porões do submundo da sociedade
A ferro e fogo nos versos de nossas dores...
O banzo de saudades de nossa terra.
Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 25/03/2012