Gente menos gente
Gente menos gente
Pequenas pernas já tão espertas,
Artistas na sobrevivência,
Acostumados à invisibilidade.
Olhos vislumbram apenas o presente...
Futuro? Nunca viram nada diferente!
Ao mundo, virão seus descendentes...
O ciclo se repete.
A sociedade cobra solução, com educação,
Hipocrisia, bondade vazia.
Demagogia descarada ao ter pena do menino carente!
Se estiver dormindo ao relento...
Mas se erra ao praticar sua lição...
Quer julgá-lo como adulto,
Tatuá-lo de bandido, na prisão.
Da sociedade banido.
Pobre coitado, não teve escolha...
A maioria também não.
Mas é mais confortável virar o rosto,
Não reconhecê-lo como gente.
Displicentemente consciência distraída...
Faz menos grave outras feridas.
Gizelle Amorim