Lisboa, Velha Cidade


Ruas limpas, sem poeira
Calçada cheia de cocô de cão...
Besteira! Tudo besteira...
Morre o povo; cresce a corrupção.
O Cavaco que fere no corpo
À alma invade como um corvo.

Vê-se nas ruas ricos em multidões
Pobres que s’escondem em buracos
Carrões, vinhos nobres e casarões
Na Europa rica, não tem barraco!
Os brancos pobres fogem do país
Os ricos fingem ser luz e raiz...

No Cais passeiam, aos domingos,
Toda a nação de imigrantes
Cães, clãs, “miúdos” e flamingos
Lá stá o munumento dos viajantes
Mais à frente a Torre de Belém
Fotógrafos e mais fotos do além...

Irmãos, irmanados pela mesma causa
Bares que oprimem quem por ali passa
Suntuosas mesas que riem sem pausa
Transeuntes transgênicos e a devassa...
Lisboa, velha cidade de encantos e beleza
Cais doirado, onde se esconde a pobreza!

Uma loira que passa toda bem vestida
Botas, óculos escuros, casaco de pele,
Com um cão de metro e meio; enrustida
De rica ou baronesa ou madeimoselle...
Chama atenção pelo andar macio...
Pernas juntas, olhar distante, e o frio...

Enquanto isso, os céntimos se acabam
Um chuchu, lacrado em papel de seda
Custa o olho da cara; os ricos enrabam
E os pobres, fantasmas, choram a perda
Dos euros que já nada vale na Inglaterra
E na Grécia se afunda debaixo da terra...

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 21/03/2012
Reeditado em 23/03/2012
Código do texto: T3566836
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