SEM SUTILEZA

Sou homem de rude trato, caipira, nasci no “mato”!

Raízes, não se negam, nem as relegam ao anonimato.

Rude, não sem-educação, que isso tenho de criação.

A dura luta pela sobrevivência impõe sua condição.

As rudes intempéries moldaram minha têmpera,

Não sou homem de meia-palavra, se digo: lavra!

Concordo, um pouco de sutileza, a vida, tempera;

Eufemismo, no discurso, estilo que suaviza a palavra.

Isso explica, em meus poemas, os versos sem evasiva,

Não uso circunlóquio. Na fala, na escrita a forma incisiva:

Grita! Confesso, tenho tentado ser mais perifrástico.

O Brasil tem poetas mestres da sutileza: fantásticos!

Assim, eu, poeta menor, vou fazendo versos francos,

E, como não sou parnasiano, sem métrica e brancos!

Aprecia no poema a forma? Lê Bilac, Oliveira e Correia. ¹

Se sobrar um tempo, lê-me, verá, a coisa não é tão feia!

1.Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira(expoentes do Parnasianismo)

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 19/03/2012
Código do texto: T3562874
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