Seu Brasil

Seu Brasil tem muitos filhos,

Tantos, que nem pode educar;

viçam sem rédeas, empecilhos,

Sem primário nem vestibular...

Seu Brasil não tem pudor,

Folga na libertinagem geral;

Nele, furtando ao Senhor,

Laboram pelo instinto animal...

Seu Brasil é apreciador da arte,

Não raro, em falsa aquarela;

Esconde com potros de Marte,

O duro reality show da favela...

Seu Brasil violenta a boa música,

“Rebolation, créu, se te pego, viu!”

Silicona uma musa feia, tísica,

Talvez, foi a puta, que pariu...

Seu Brasil convidou à FIFA,

Pra que mande em sua casa;

Metade do erário apatifa,

Pois, na plebe, arde a brasa...

Gigante pela própria natureza,

em berço esplêndido dorme então;

Rapaces aproveitam a moleza,

E cortam as tranças do Sansão...

Dizem, seu Brasil não é sério,

De Gaulle, ou, alguém teria dito;

Corrupto vetusto, desde o império,

Anômalo quem crê, no que acredito...