REALIDADE NUA
Vou tomar uma pinga,
Quem sabe, ver a ginga daquela mina,
Que interfere em meu cotidiano.
Que é sempre a mesma rotina,
Entra ano, sai ano!
Vou tentar não me embriagar,
Beber com certa moderação,
Mas logo vejo um credor,
Que azar, que danação!
Há dias venceu a parcela,
Mais uma prestação
Daquele dinheiro emprestado.
Mas a patroa fez a operação.
Aí então não agüento,
Não posso me controlar,
Afogo-me em um, dois, mais copos,
Até não mais diferenciar os corpos,
Que desfilam à minha frente.
Estou zonzo, ficando rico,
Sinto confusa minha mente.
Entre tantos, é este só um efeito,
Da situação em que vivemos.
Por mais que se tente, não tem jeito.
O pobre, maioria acima da média,
É, e sempre será coadjuvante,
Desta trágica e eterna comédia.
Riedaj Azuos - Nova União - 2000