MUTANTE. (Indigente)
Quem sou,
Um homem, um monstro,
Ou uma confusa mente,
Deturpada por uma educação deficiente?
Analiso-me;
Retrospecção.
Encontro-me;
Decepção.
Se não sou resto,
Sinto-me “sobra”.
Queria poder andar ereto,
Minha parte consciente me cobra
Andar confiante, peito aberto,
Cabeça erguida;
Mas como? Não tenho orgulho,
Dignidade na vida!
Com certeza não sou um monstro;
Como homem, não me enxergo,
Não sou, mas me encaro como a um cego.
Cego por imposição de toda uma cultura,
Que dita regras errôneas de aceitação,
Que amparadas pela força da tradição
Impedem-me ampliar a visão.
Sou como o gênio do conto da Arábia;
A cultura é minha lâmpada,
Mas não me ilumina, me encarcera.
Seguir regras é tudo o que sei.
Com certeza não sou autêntico,
Pra agradar a outros me moldei.
Sou o resultado de séculos de tradição,
Queria poder gritar,
Me revoltar,
Dizer não.
Por isso não sei quem sou.
Estou certo, não me conheço.
- Diga quem queres que eu seja,
E logo, logo, com “ele” eu me pareço.
Riedaj Azuos. 12/01. Nova União