Diáspora

Outrora do Congo, Luanda e Benguela,

Para o Brasil.

Hoje da favela do Pinheirinho,

Para a Avenida Brasil.

Quanta ironia!

Já vi esse filme...

Pretos correndo na penumbra sem rumo e liberdade

De seu quilombo a telha e madeirite pregados.

Retirados agora por escudos e cacetetes

De uma minoria que se chama Estado.

O contrato de Rousseau?

Não foi assinado,

Foi assassinado.

Pela violência do mandatário

Pelo milhão do empresário,

O rincão do proletário

Na especulação do imobiliário.

(Má) intenção do judiciário?

Por incerto consolo governadores assentam

Pretos loteados em vias e calçadas

E os primatas diplomados e togados rezam:

Graças a Kelsen, lei e ordem alcançadas!