LAIVOS DE LUZ
Laivos de luz nas ruas escuras
revelam segredos de almas impuras,
a pele nua, a carne crua
ardente de amor, sedenta luxúria
Dentro dos carros, através da noite,
Rompidas em sangue as flores de carne,
caminho sem volta, sem fim, nem saída,
virgens em chamas arriscam a vida.
Cores estranhas que apenas a noite pode revelar.
Coisas insanas que só as sombras da noite podem ocultar.
O mal à espreita pronto pra atacar,
monstro sem olhos que não escolhe vítimas,
apenas ataca, estraçalha e corrói
e bem lentamente devora e destrói.
Laivos de luz pelas esquinas
cintilam nas pernas de belas meninas,
filhas da miséria e da desilusão,
crescem sem paz e sem amor no coração
Prazeres em troca de alguns trocados...
Amores estranhos que somente a noite pode aceitar.
Perigos nas ruas, disparos na noite,
drogas na madrugada , socos e facadas.
Rachas de carros nas avenidas,
rachando a cara, rasgando suas vidas.
Como se fosse uma nota de um mísero real
que se enrola e cheira a poeira do mal.
Rostos marcados entre a multidão,
marcas profundas na mente e no coração.
Meras cicatrizes dessa era de loucuras...
Coisas imundas que somente a noite pode suportar.
Filhos da ira, netos do absurdo,
procuram em seu mundo
pelas coisas que o mundo não pode lhes dar.
Escravos da ilusão perdidos nas trevas,
seus olhos ofuscados por tão densa névoa,
apostam a vida a troco de nada
e perdem suas vidas a troco de nada.
Não culpe a noite pelas coisas erradas,
nem queira que o dia tão logo amanheça,
a noite não é assim tão malvada
só vai depender de sua cabeça.
ROBERTO CARLOS BRAZ DO NASCIMENTO
(ROBERTO BRAZA)
12/04/2008
Um lamento sobre a inconsequência e a fraqueza daqueles que se deixam levar pelas drogas e as armadilhas da noite... que às vezes se estende invadindo o dia e destruindo vidas.