Noites nas Esquinas
Pobre homem ébrio
Completamente embriagado, sujo, fétido,
Maltrapilho e maltratado.
Se afogando no seu vômito
Em uma esquina jogado.
Homem, Pai de família, um viciado.
Mesmo assim sendo esse real retrato
Mais honesto e digno do que alguns homens
Que em suas sessões extraordinárias bem vestidos
E engravatados... Ordinários.
Belas meninas, moças meninas
Perambulando pelas esquinas,
Saindo de casa à surdina a meia-noite
Quando seus pais não estão mais acordados.
Pobres meninas deixando em cada esquina
Alguns pedaços de suas vidas.
Mas, essa é a sina de algumas muitas meninas
Em algumas noites nas esquinas.
Negras noites em esquinas frias.
Mostrando em meio às sombras
Vidas humanas completamente vazias
Muitas cores em circos de horrores
Evidenciando uma natural degradação
Homens, mulheres, bêbados e meninas.
Moradores das noites nas esquinas
Sarjetas de vidas.
Sendo vistos e vigiados por janelas
E brechas de casas vizinhas.
Moradores inertes com almas e personalidades
Contraditórias, de manias doentias.
Seres inúteis, vis e dóceis,
Tão semelhantes aos moradores das noites nas esquinas
De vidas vazias.
*Coleção Poemas do Subsolo.
Publicado em Antologia Poética - Concurso Nacional Novos Poetas 2012 - Ed. Vivara - pg 282.