Surdos-Mudos
Somos maestros de uma orquestra que desafina,
Mãos calejadas por um ritmo dissoluto que cresce,
Emancipação cética pelo trivial que apetece
Em um mundo frívolo de aspirações que contamina.
Joga-se a toalha manchada ao relento
Pelo sangue deteriorado que alucina,
Vírus e bactérias sociais fomentam a carnificina
Ceifando a manifestação de todo e qualquer sentimento.
Violas cantam a angústia de um povo sofrido
Numa amargurada sinfonia de notas sem tom,
Há tempos evaporou-se o que se faz de bom
E só nuvens negras mapeiam o que se há consumido.
Há um deserto que reina no espaço mudo
E flores que murcham em tímpanos surdos!