Surdos-Mudos

Somos maestros de uma orquestra que desafina,

Mãos calejadas por um ritmo dissoluto que cresce,

Emancipação cética pelo trivial que apetece

Em um mundo frívolo de aspirações que contamina.

Joga-se a toalha manchada ao relento

Pelo sangue deteriorado que alucina,

Vírus e bactérias sociais fomentam a carnificina

Ceifando a manifestação de todo e qualquer sentimento.

Violas cantam a angústia de um povo sofrido

Numa amargurada sinfonia de notas sem tom,

Há tempos evaporou-se o que se faz de bom

E só nuvens negras mapeiam o que se há consumido.

Há um deserto que reina no espaço mudo

E flores que murcham em tímpanos surdos!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 24/02/2012
Código do texto: T3517517
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