REPLETO

REPLETO.

Estou de saco cheio!

Não me agüento mais dentro de mim.

Quem sou?

Não sei, com certeza não sou assim...

Questiono-me o tempo todo;

E tanto mais aprofundo me em mim,

Não consigo encontrar o fim,

Misturo-me então ao lodo.

Vejo-me com tantas facetas...

Não posso me definir...

Sou louco, palhaço,

Palhaço louco,

Neste circo improvisado.

Sou ninguém

Nesta selva globalizada,

Onde o vil metal fala mais alto,

No momento do amém.

Sou um rico pobre,

Pobre rico...

Mesmo sem ter um vintém.

Engano a todos fingindo quem sou,

Ou a mim mesmo, sem enganar ninguém.

Hipócrita e mentiroso, minto p’rá mim,

Tentando afirmar -me onde estou,

Pois assim me sinto bem.

Sou tudo e nada no mundo,

Para alguns, até demais,

A poucos, alguma falta,

P’rá eu mesmo, me abundo,

‘Inda mais em noite alta.

Por mais que eu tente,

Não posso, não consigo,

Encontrar-me comigo.

Vago trôpego,

No vago da vida.

Vivo a vagar a esmo.

Riedaj Azuos /14/10/03.