Jesus dos Aflitos
Riscos de luz cortam as nuvens como lâmina,
Malina lâmina que ceifa a vida no Sertão,
Terra nordestina.
A Catedral nordestina de minha oração
Se unge do Sol da redenção
Toda cristalina.
E o sino canta no Domingo:
"Pobre Aflitos, pobre Aflitos!"
O Sol no alto, pesado como obra de poesia.
Cada seta de luz é uma letragonia
Que espreme a Razão como fruta.
A Catedral nordestina de minha oração
Pressentiu o horror da corrupção
E agora enfrenta uma disputa.
E o sino clama no Domingo:
"Pobre Aflitos, pobre Aflitos!"
Por entre o azul e o laranja,
A tarde perde a esperança
e a Lua teima em se mostrar.
A Catedral nordestina de minha oração
Perdeu sua reputação
E agora está a chorar.
E o sino chora no Domingo:
"Pobre Aflitos, pobre Aflitos!"
O ceticismo agora prevalece: é temporal!
O que antes era motivo cultural
Agora é alvo da Ousadia.
A Catedral nordestina de minha oração
Perdeu a sua motivação,
Pois a Razão se tornou alegria.
Não há mais sino no Domingo:
"Estamos aflitos, estamos aflitos!"