O mendigo e a sociedade

Observo o mendigo dormindo

E penso: ele foi enjeitado

Por nossa sociedade o coitado

Com o grande consumismo

Com a falta de humanismo

Nos o tornamos assim

Ele foi menino pobre,

O moleque

O adolescente?

Aprendiz de marginal.

Ele foi amaldiçoado com a droga

Nem sempre a cocaína

A cola ou a heroína

Mas com as marcas de grife

Que ele pobre coitado

Jamais teria

Já nascera enjeitado

E vê o meio mais fácil

O único que aprendeu

De conseguir roupas boas

Calçados e por que não?

Ate mesmo um vídeo game

Para colocar no cafofo

E dizer para seus amigos

Enjeitados como ele

Eu sou o bam bam bam

Hoje, já velho e doente,

Depois de cumprir disciplina

A tal de cadeia, conhecem?

Ele é esse mendigo

Agasalhado com jornal

Da vida nada levou

A não ser o tradicional

“Esse é mais um vagabundo”

E eu que passo e observo,

Sinto vergonha de ser parte

Da sociedade que julga

E não assume a responsabilidade

Da grande parte da vida

Desse mendigo, enjeitado.

Silvia Fedorowicz

Mulher Camaleoa