AOS ARTISTAS LIVRES
Aos homens do olhar além
Que alugam o espaço aberto, fechado,
E toma emprestada a forma peculiar.
Aos meninos malabaristas dos cruzamentos
Nos caminhos cruzados entre a elegância
Inerte do burguês e a alegria chorosa
E forçada do maltrapilho andante.
Às cores cinzentas, opacas, quase
Descascadas dos patrimônios tombados.
Aos equilibristas que se equilibram
Para não cair da linha traçada de suas vidas.
Às estátuas de mármore vivas.
Aos palhaços que maquiam suas faces
Para enfrentar a fingida máscara da sociedade.
Aos eloqüentes anônimos na eficácia
De suas palavras maravilhosas
descrevendo uma ação,
contando um caso, vendendo o dia
Para ganhar o pão.
Aos poetas entregues à sua loucura
Visionária, reacionária e revolucionária.
Às crianças que aprendem desde cedo
A driblar os perigos iminentes das esquinas ruidosas.
A todos... Todos os artistas que
Identificam-se nas labutas
Desesperançadas
Da vida.
Acreditai-vos.