AOS ARTISTAS LIVRES

Aos homens do olhar além

Que alugam o espaço aberto, fechado,

E toma emprestada a forma peculiar.

Aos meninos malabaristas dos cruzamentos

Nos caminhos cruzados entre a elegância

Inerte do burguês e a alegria chorosa

E forçada do maltrapilho andante.

Às cores cinzentas, opacas, quase

Descascadas dos patrimônios tombados.

Aos equilibristas que se equilibram

Para não cair da linha traçada de suas vidas.

Às estátuas de mármore vivas.

Aos palhaços que maquiam suas faces

Para enfrentar a fingida máscara da sociedade.

Aos eloqüentes anônimos na eficácia

De suas palavras maravilhosas

descrevendo uma ação,

contando um caso, vendendo o dia

Para ganhar o pão.

Aos poetas entregues à sua loucura

Visionária, reacionária e revolucionária.

Às crianças que aprendem desde cedo

A driblar os perigos iminentes das esquinas ruidosas.

A todos... Todos os artistas que

Identificam-se nas labutas

Desesperançadas

Da vida.

Acreditai-vos.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 16/01/2007
Código do texto: T348329