FOME
Ronca o tambor na selva.
Ronca no carro o motor.
Ronca o velho que sonha.
Ronca a barriga de dor.
A fome que bate o tambor.
A natureza que impera.
A colheita murcha e seca.
A vida que pena e se arrasta.
A água que pinga.
A comida que é pouca.
A agonia que é muita.
A esperança que é oca.
O governo vê e pode.
A essa dor aliviar.
Ao sofrimento do povo.
Com política aplacar.
Oh! Mundo esteja alerta.
A socorrer o irmão.
Que padece de fome.
Seja por qualquer situação.
Não ficará impune.
O que cerra os olhos.
Não dá amor, nem alivio.
Deixa o irmão com fome.
Preste muita atenção.
Em sua sofisticação.
Joga fora a comida.
Não quer repetir o pão.
A isso chamo esbanjação.
Despreza não só a comida.
Como também o irmão.
É deveras atrevido e sem compaixão.
Tudo o que é perdido.
No céu é anotado.
Poderia ter repartido.
No lixo foi jogado.
Neste mesmo instante.
Alguém pediu pão.
A mãe o embalou nos braços.
O pequeno adormeceu, o vazio permaneceu.