FOME

Ronca o tambor na selva.

Ronca no carro o motor.

Ronca o velho que sonha.

Ronca a barriga de dor.

A fome que bate o tambor.

A natureza que impera.

A colheita murcha e seca.

A vida que pena e se arrasta.

A água que pinga.

A comida que é pouca.

A agonia que é muita.

A esperança que é oca.

O governo vê e pode.

A essa dor aliviar.

Ao sofrimento do povo.

Com política aplacar.

Oh! Mundo esteja alerta.

A socorrer o irmão.

Que padece de fome.

Seja por qualquer situação.

Não ficará impune.

O que cerra os olhos.

Não dá amor, nem alivio.

Deixa o irmão com fome.

Preste muita atenção.

Em sua sofisticação.

Joga fora a comida.

Não quer repetir o pão.

A isso chamo esbanjação.

Despreza não só a comida.

Como também o irmão.

É deveras atrevido e sem compaixão.

Tudo o que é perdido.

No céu é anotado.

Poderia ter repartido.

No lixo foi jogado.

Neste mesmo instante.

Alguém pediu pão.

A mãe o embalou nos braços.

O pequeno adormeceu, o vazio permaneceu.

Diva Carmo
Enviado por Diva Carmo em 05/02/2012
Reeditado em 24/11/2012
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