Das cinzas do meu cigarro, à decência da nação
De um lado vejo revolucionários,
tão perdidos quanto destros insistindo
em escrever com a mão esquerda.
E do outro lado vejo conservadores,
tão tortos quanto canhotos tentando
escrever com a mão direita.
Afinal, é o social quem faz o político,
ou é o político quem faz o social?
Marx diria: ‘a política aliena!’
Já Montesquieu: ‘o povo precisa da virtude política!’
Argumentaria Rousseau: ‘a sociedade corrompe o homem!’
Mas Che já disse: ‘VIVA LA REVOLUCIÓN!’
Mas eu digo,
se minhas palavras valem de algo,
que precisamos de novos autores,
novos políticos,
novas ideias e
um pouco mais de caráter.
A verdade é que a sociedade,
este purgatório de erros jamais saldados,
perdeu a sua esperança
junto com a sua única salvação:
a moral.
Agora vejo meu cigarro queimar,
e vejo suas cinzar caírem pelo chão,
da mesma forma como vejo cair
a decência dos cidadãos,
que esperam, sentados, uma revolução.
Doravante,
reservo esta última estrofe
à metalinguística inútil destes
últimos seis versos que,
caso sejam lidos,
dificilmente serão compreendidos.