GRITOS DA ÁFRICA

Continente de dores,

Sombras devastadas,

Preconceitos, rancores,

Memórias apagadas

Em meio às guerras

Nestas terras quentes...

Continente de dores

De gritos clementes

Sem voz nem cores

Gritos trôpegos, doentes,

Clamando por paz

Em versos evidentes...

Continente de estômagos vazios

E corações arrebatados

Por granadas que fazem rios

Entre os mares machucados

De tantas vidas que se foram

De tantas lidas que se vão

Entre os ares mais explorados

De cada povo em sua nação...

Continente de sofrimentos

De humanos como nós

Cujos grandes ferimentos

Estão entre almas sós

Que naufragam em desalentos

Do oceano mais atroz,

Oceano da crueldade humana...

Até quando ouviremos gritos

Sem transformarmos a realidade ?

Estaremos sempre, assim, aflitos

Neste abismo de leviandade ?

Céus, quem fez este mar de injustiça

Terá também fomentado a ironia,

Em meio a tudo que nos enfeitiça

Nesta civilização de dor, de hipocrisia ?

Enquanto isso, só ouvimos gritos

Gritos na penumbra capitalista, imunda,

Gritos humanos, sinceramente aflitos,

Transcendendo o vácuo da estupidez profunda.

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