Mercado Negro
Quer a alma também,
Tu já tens... A carne.
É somente desdém,
De quem... Quer comprar-me.
Não mostrarei os dentes,
Meu continente... Pra balanço fecho.
Meu cabelo é ruim,
Só em mim... Em tu é fashion
Mas sob os raios ultravioletas,
Dispensa a sombrinha.
Quer que a pele fique preta,
Tonalidade da minha.
Copia a silhueta,
Põe silicone nos lábios.
Mas me exclui ao pé da letra,
Como “K’, “Y” e “W”.
Contudo amaldiçoa o beliche,
Quando quer “nhanhá”
Lençóis sujos de piche,
Desde sempre o fetiche... Da sinhá.
Quer a alma também,
Tu já tens... A carne.
É somente desdém,
De quem... Quer comprar-me
Nota preta,
Não me refiro ao traseiro.
Outra faceta,
Seu valor verdadeiro.
Sem o rótulo: “Mulata”.
Aqui a razão não é sempre do freguês:
Ouça colono português...
Essa é a “Revolta da chibata”.
Engula suas merrecas,
Minha pele não é casaco pra que uses.
Sim filha és uma boneca!
Inda que diferente da Barbie e da Susie.
Uma criança versus o reich alemão?
Quase jogada de mestre.
Mas não me encaixo no padrão,
Não sou peça de Tetris.