Lavras da Solidão

LAVRAS DA SOLIDÃO

Jorge Linhaça

Ao revolver a terra assim

para plantar a semente

imersa em seu afim

trabalha incansávelmente

Sob o sol caústicante

vai o cumprido o seu labor

para que alguém distante

nem perceba o seu valor

Se os frutos de seu afazer

podem ser o trigo do pão

ou o café dos grãos a verter

quiçá a erva do chimarrão,

para ela só há o revolver

das lavras na sua solidão.

* Minha homenagem aos milhares de pequenos e anônimos

lavradores que na sua lida diária produzem muitos dos alimentos

que chegam a nossas mesas sem assinatura senão as de

suas mãos calejadas pelo cabo da enxada.