Carne de Segunda
Preço de banana, com caipirinha, Brahma... Cravada num espeto.
Aqui não tem Obama. Pasmem! Nem na constelação baiana...
Astros são pretos,
Emitindo outro boleto... Sim! Temos valor.
Bem sabes lá no íntimo. Canta, dança nossos ritmos...
Usa trança nagô,
Mas sempre negou...
Com cassetete castiga, pra ver se o bife fica mole.
Rixa antiga. Mastiga, mastiga... Mas não me engole,
Escravidão. Não aboli... Manda o capitão tocar o gado.
Depois de abatida, seja moída... Mais sangue pro molho pardo.
Carne de segunda, vagabunda... Que só ela.
Carga oriunda, de periferia e favela,
Por baixo se nivela... Não alavanca.
Dieta? Predileta... É a branca,
Desbanca... Estamos fora do cardápio.
No meu televisor, só tem garrote da cor... Do Leonardo Di Caprio,
Larápios... Serão servidos a rolé.
Minha preta não tá na capa da Vogue,
Mas tá em voga, vaga tem no meu açougue.
Pra mim é filé.