Tributo (I)

Quanto tá, Senhor presidente?

A fome do menino que já lhe come as esperanças?

O lixo que lhe farta a boca, e lhe escapa o dente?

Quanto tá, Senhor presidente?

A dor do cacete?

A dor do Travesti, travestido de vontade de viver,

Que tinge de rubro a calçada em frente ao palacete?

Quanto eu pago pelo menino cuja casa é a rua.

O frio é a lua, rato cigano que vai por aí perambulando.

Mendigo de infância, perdido na dança de se procurar?

Quanto se paga pela mulher espancada

Aborto da cor, Flor estuprada

Carpideira da próprio luto?

Melhor nem comentar...

Senhor Presidente, Quantas cuecas eu vou ter

Que abarrotar de ouro para o senhor entender que

Seu maior tesouro, é o povo que elege, que luta e lhe deu um lugar

Palácio da Alvorada?

Esplanada do Picadeiro!

Ministério de nada

Cofre da dona de casa, do gari e do pipoqueiro!

Quanto tá? Senhor Presidente?

O assento no chão pra esperar um médico,

Com um tumor no coração?

Quanto tá o Desemprego?

O pão que falta à mesa da D. Maria

E o desassosego da nossa nação? E a estafa, o torpor do pobre trabalhador?

Senhor presidente, Ó! Senhor presidente ouça meu clamor.

Rasgue essa cueca fétida, imunda, lodosa, por favor!

Para que seja verde e amarelo e até anil

Para que seja grande, seja belo e para que seja possível

Uma vida digna e cidadã, nesse pedaço de mundo que é o Brasil!

Dhiego Araújo
Enviado por Dhiego Araújo em 30/12/2011
Reeditado em 16/04/2012
Código do texto: T3414090
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