Por nós

Acorrentadas no fundo do mar,

Espécies marinhas costumam fluir

Para cima, tudo que tem energia

Enquanto a dor não cessa e o sol se vai

Quando em sua vida nada lhe resta

Além de um pano de chão

As verdades antes, camufladas, agora

Parecem que estão sendo desveladas.

E diante do fato, nu, os abismos que dilaceram

D’alma que encanta o museu

É vazio, no frio que sentimos, mesmo que,

Na realidade sombria, os animais venham a ser,

Apenas seres humanos!

Vossa imoralidade peculiar, da arquitetura

Em que tudo se deposita no inútil

Quem somos nós? A voz indaga.

A face estampa o terror, nos olhos inocentes

De uma criança, alvejada por um tiro,

A mulher nua, cortada na rua, por um

Animal que se diz Homem, que se sente homem,

Tanta sujeira percebida; causa sérios danos.

Na mente de um observador passivo

Nada além das vozes. Nada além de mim.

Fazem parte desse sistema caótico, podre,

Ameaçado e vilipendiado desde o nascimento,

Meus anseios, enlatados por seres obsoletos

Cuja função social era corromper-nos.

Atirei meu corpo contra o fogo, rasgando a carne

Queria ser ouvido, mostrar minha retórica,

Nada adiantou, pois aqui não existe liberdade,

O monólogo dos bons samaritanos é mais-valia

Para os acumuladores de promessas...

A chuva molha a rua, o rosto, as mãos,

Tudo que ardia, agora silencia,

Nossa vida é tormento, espanto,

A luz do dia é milagre, é deus; um deus morto.

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 28/12/2011
Código do texto: T3410019
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