PEREGRINAÇÃO
Vim, peregrino humilde, nos caminhos,
rompendo lentamente a caminhada
sem tapete de flores, sem espinhos.
Nos rumos que pisei a minha estrada,
sonhos desfeitos - ilusões que tive,
diluíram-se ao longo da jornada.
Entrei na idade assim como quem vive
num palácio de rosas encantado
- num paraíso que ilusões revive.
Sem altos vôos nem queda, descuidado,
não tive pensamentos definidos,
sequer, desejo grande formulado.
Passando indiferente aos bem nascidos,
profundamente quis o humilde e o pobre,
hinos de amor compus aos oprimidos.
A andança peregrina, não me encobre,
no humano vai e vem - a dualidade
de quem são sendo vil, não foi tão nobre.
Há uma força de terra, luz, verdade,
que me entranha no amor à natureza
e inclina a acreditar na liberdade...
A vida não é mais que essa incerteza
do dia de amanhã que nos aflige
e as brumas do passado, ou essa crueza
da hora presente, que o trabalho exige.