O drama não é maquiado
O espaço se abriu, vai vendo quem surgiu
Verbo terrorista pra narrar o Brasil
Na disposição, no apetite
Contra a ignorância, a frieza da elite
Sou mais um psicopata em busca da justiça
Os outros tentam superar a justiça divina
Com um oitão na cinta
Se envolve no circulo vicioso
A lei de ladrão é mal interpretada
Ma periferia PA PUM mais um morto
Na mão de gambé, assassino até o osso
Quando o pai incentiva o filho a roubar é 286
Depois põe fio dental, vira mulher na cadeia
E no IML, outro corpo aberto na mesa
Sinto cheiro de enxofre na quebrada
O mano com quadrada, o demônio da risada
A vida se desvalorizou pode crê
Antes de completar 30 anos vai morrer
Vai deixar um filho, herdeiro da pobreza
Vai enquadrar boy no Taurus pra por comida na geladeira
Missa de sétimo dia é inevitável
Mostra que o egoísmo da sociedade é implacável
Joga com cartas marcadas
Se planta miséria, colhe tiro na cara
O drama não é maquiado, realidade sem dó
Olha o traficante nadando no crack
Enquanto o loko ta ali com uma TV da Sharp
O maluco aponta o oitão na cabeça do frentista
Ou enfia no cu dele a bomba de gasolina
Antes era o moleque que jogava bolinha de gude
Hoje é o seqüestrador que carrega a uzi
Me igual num avião em turbulência
Ou num incêndio, sem poder quebrar o vidro pra emergência
Na selva de concreto, varias manchas de sangue
GOE, GARRA, DENARC, tanto faz a gangue
O plano do sistema não é muito complexo
Simplesmente querem os pobres no cemitério
Sem coroa de flor, sem homenagem
A máquina do sistema tem falha na engrenagem
Enferrujado, corroído, tipo madeira com cupim
Só tem apólice de seguros pra quem mora nos Jardins
Os gambé com ponto 40 dividem os alvos
Tipo nas Olimpíadas, revezamento 4 por 4
Cada gambé atira num cara, eles vão dar risada
No DP vão Sr condecorados com medalhas
Ladrão a mil no enquadro, disparou o alarme
Pro bairro nobre chega a tropa de choque, até a SWAT
Sem bandeira branca, sem campanha da paz
É só autópsia, velório, enterro, aqui jaz
O drama não é maquiado, realidade sem dó
O drama não é maquiado, ce ta ligado
Já foi falado que o amor foi enterrado
É complicado, maldade por tosos os lados
O amor exterminado, e não foi ressuscitado
Tem pipa no céu, mas não diversão da mulecada
É o aviso que ta chegando a gambézaiada
No DVC do maluco, contrabando e latrocínio
E tráfico de armas no presídio
O coronel tava com dinheiro no bolso
Matou 111 presos e continua solto
Foi no programa de TV fingindo que nada aconteceu
Achava que era dono da verdade, pensava que é Deus
O mano preso, polícia eficiente na perícia
Mas a Justiça aprova visita intima
Se fudeu, roubava por querer
Mais um imbecil que morreu no HIV
No Ceasa várias pessoas disputam as frutas
Sendo ignoradas pelos boys filhos da puta
Que desfilam de Honda, Audi, Pajero
Da risada, humilha o servente de pedreiro
Mas aí, vamos parar com essa putaria
Sair da escravidão, ter a carta de alforria
Nosso povo tem sede de dignidade
Pra acabar com o cotidiano de pilantragem
O drama não é maquiado, realidade sem dó