Poesia urbana
Qualquer pessoa nota o falso crescimento
Sem projetos, sem infra-estrutura, só lamentos
Só com polícia metendo bala, matando sem dó
Com moleque de 9 anos bem loco de pó
Poesia em forma de ponto 40 na nuca do boy
De defunto que vira medalha no peito do gambé herói
Em forma de Audi enquadrado no sinal
De necropsia no Instituto Médico Legal
De todas as atrocidades possíveis
São tantos homicídios que não cabem nem no Guiness
Imagina só você embaixo do viaduto
Ou dentro de uma caixão e ninguém estando de luto
Enterrado como indigente, como lixo
Enfim, só mais um defunto
Poesia em forma de avião com droga
De madeirite com gambé derrubando a porta
De divida de 10 reais acabando em morte
De ladrão enquadrando e fugindo com o carro forte
Poesia em forma de miolo de segurança
De fuzil HK estraçalhando outra criança
Em forma de mancha de sangue na calçada
De gás lacrimogêneo, de tiro, rajada
Caralho, ce ta cansado de saber
Que você paga o cu fardado pra te proteger
Mas é o primeiro que saca o oitão e atira em você
Homicidas legalizados, acham que tem o poder
Poesia em forma de ladrão metralhando o DP
De assassino que por nada esquarteja você
Vidas desvalorizadas, frustração, desgosto
Se oferece nota de 10, fica com 5 de troco
To relatando as ocorrências no papel
Infelizmente na minha poesia não consta o céu
O rap é a poesia da cidade
O verso é o sangue, a estrofe é a calamidade
Bem vindo ao inferno com ruas de terra
Onde a política promove a guerra
Ladrão de gravata, pasta de couro
Rindo a toa do seu Taurus e no dedo anel de ouro
Poesia em forma de ráfico de arma
De desigualdades, de desgraças que te matam
Em forma de rebelião la na Febem
De assalto, se não tiver dinheiro vai pro além
De ossada no cemitério clandestino
De olhar de desprezo do político
De esquecimento, de frieza do rico
Da risada em frente do nosso povo desassistido
Poesia em forma de fome
Em forma de ódio que as pessoas tem dos homi
Em forma de traficante na esquina
Vendendo seus produtos, só crack e cocaína
Poesia em forma de seqüestro relâmpago
De projetos dos ladrão pro assalto do banco
Em forma de treta no colégio
Que por causa de um caderno fez se outro paraplégico
Só queremos paz e nada mais
Mas se continuar assim, velório, aqui jaz
Mas aí, não cruzaremos os braços jamais
Não queremos mais ver nosso povo sofrendo mais
Nossa poesia é clara e objetiva
Não é do estilo interpretativa
Eu escrevo pra fazer você refletir
Colocar os pés no chão, parar de se iludir
Eu quero igualdade, tratamento humano
Quero estudo completo pra todos os manos
Mas por enquanto minha poesia é sangrenta
O verso é o tiro, a estrofe é a violência
O rap é a poesia da cidade
O verso é o sangue, a estrofe é a calamidade
Poesia em forma de injustica
De outro mano que morreu na mão da policia
De tapa na cara do cidadão trabalhador
Em forma de cena de medo e horror
Poesia em forma de inveja
Lucro a qualquer preço, sofrimento na guerra
De playboyzinho que mata o pai pra ficar com a herança
De todos os motivos que desfiguram a esperança
Poesia em forma de exame de balística
De pobre que vira número de estatística
Em forma de furo de AR 15 pelo corpo
Sem consideração, é apenas mais um morto
Poesia em forma de identidade perdida
Desemprego, perda de respeito, não tem mais vida
Aguarda a morte e já entra na fila
E espera o atentado homicida da policia
Poesia em forma de abandono
De gananciosos querendo se apossar do que é dos outros
De poluição, de mal cheiro
Em formas de vítimas do holocausto brasileiro
Mas não vamos ficar aqui só vendo
Vamos protestar, reivindicar nossos direitos
Queremos emprego, educação, assistência
Os primeiros passos para o fim da indiferença
Queremos cultura, esporte, lazer
Sem pilantragem do político pro Brasil desenvolver
Diminuir drasticamente o desemprego
A principal causa da bandidagem, dos enterros
Desarmamento geral pra não ter problemas
A solução pros gambé corrupto é a algema
Se mudar o rumo talvez um dia
Eu mudo radicalmete a minha poesia
O rap é a poesia da cidade
O verso é o sangue, a estrofe é a calamidade